quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Filmes da Disney que jamais assistiremos

Cinéfilos, caríssimos:
Sou fã de animações. Único produto cuja dublagem supera o som original. Quantas vezes não tive o sono embalada por A Bela e a Fera, Up - Aventura nas Alturas ou Wall-E. Sempre fico ansioso pelo lançamento de novos filmes.
O enorme sucesso da Disney, ‘Frozen - Uma aventura Congelante’ é um dos maiores filmes de animação de todos os tempos, além de ser um tributo ao valor da perseverança. O próprio Walt Disney foi quem teve a ideia inicial de levar o clássico conto de Hans Christian Andersen, ‘A Rainha da Neve’, paras as telas dos cinemas. Seu estúdio tentou, em reiteradas oportunidades, fazer uma versão animada do filme, muitas décadas antes que ‘Frozen’ finalmente conseguisse estrear, em 2013.
Mas ‘Frozen’ é apenas o exemplo mais comum. Parece que para cada filme de animação produzido pelos Estúdios da Disney durante seus 80 anos de história, dois ou três se perderam ao longo do caminho. Abaixo você encontrará oito projetos de filmes da Disney que ficaram irremediavelmente engavetados. Poderia haver outro campeão de bilheteria como ‘Frozen’, capaz de arrecadar bilhões de dólares, entre todos esses filmes? Leia mais para saber:
‘Chanticleer’ esboço do personagem, cortesia do Departamento de Arte (Disney)
Chantecler
(1938-1960) 
Após o sucesso de seu primeiro longa metragem, ‘Branca de Neve e os Sete Anões’, em 1937, a Disney descobriu ‘Chantecler’, uma peça de teatro escrita pelo aclamado Edmond Rostand, o autor da famosa obra ‘Cyrano de Bergerac’. A peça se baseava na clássica fábula europeia, cujo personagem principal é Chantecler, um galo que acredita que seu canto seja o responsável pelo nascimento diário do sol. Uma adaptação começou a ser desenvolvida, mas os animadores encontraram dificuldades para transformar o personagem principal em alguém carismático. Outro personagem francês, Reynard A Raposa, foi introduzido no enredo, para interpretar o papel de um vilão (e a grafia do título foi alterada para Chanticleer), mas a história não colou. Com a chegada da II Guerra Mundial, o projeto foi descartado, apesar de várias tentativas frustradas de reavivá-lo, no final da década de 1940. Ele foi reconsiderado novamente no início dos anos 60, quando os animadores Ken Anderson e Marc Davis encontraram os velhos esboços do projeto e tentaram redimensionar a história, vestindo-a com a roupagem típica de uma comédia musical da Broadway. Porém, a Disney estava focada na construção do que viria a se tornar o Walt Disney World, na Flórida; as decisões estavam voltadas para a produção de animações em grande escala, e em vez disso, o estúdio avançou com a produção de ‘A Espada Era a Lei’. (O animador Dom Bluth acabou fazendo uma versão bastante fraca da história, já fora da Disney em 1992 com o título Chantecler - O Rei do Rock.)


Dom Quixote’, esboço do personagem, cortesia do Departamento de Arte (Disney)
Dom Quixote
(1940-presente) 
Provavelmente seja mais do que lógico que o clássico conto de Cervantes sobre um delirante herói em sua busca desesperada de promover a justiça, tenha frustrado tantos cineastas ao longo dos anos. O diretor Terry Gilliam ficou famoso por tentar, durante 15 anos, captar sua essência e levar às telas a história de um homem idoso que acredita ser um cavaleiro, cuja missão é lutar contra gigantes (que nada mais são do que moinhos de vento). Mas isso não é nada, comparado com os 75 anos em que a Disney tem tentado converter esse clássico em um filme animado. Os trabalhos iniciais começaram em 1940, e embora estivessem inspirados na maravilhosa obra do pintor Velásquez, o filme não avançou devido à guerra e também à fraca arrecadação de bilheteria dos filmes ‘Pinóquio’ e ‘Fantasia’. Uma segunda versão, baseada na música de Richard Strauss, foi iniciada em 1946, mas não foi muito longe. A terceira tentativa teve lugar em 1951, mas ninguém podia encontrar uma forma de resumir a história sem prejudicar a força de sua narrativa, ou menos ainda, poder transformar o seu herói desvairado em um personagem que despertasse a simpatia do público. O projeto permaneceu esquecido por algumas décadas, mas no final de 1990, os animadores franceses Paul e Gaëtan Brizzi começaram a trabalhar em uma nova versão que quase foi produzida. Porém, ela acabou sendo considerada muito sombria e adulta para o estúdio. Mesmo assim, quem sabe nós ainda não tenhamos a oportunidade de poder ver Dom Quixote da Disney. O estúdio tem trabalhado em uma adaptação com Johnny Depp desde 2012.


‘Os Gremlins’ esboço do personagem, cortesia do Departamento de Arte (Disney)
Os Gremlins
(1942) 
Roald Dahl e Walt Disney foram dois dos artistas do século 20 mais amados pelo público infantil; os dois trabalharam juntos praticamente desde o início de suas carreiras. Dahl — o escritor por trás dos clássicos como ‘James e o Pêssego Gigante’ e ‘Charlie e a Fábrica de Chocolate’ — tinha sido um piloto de caça antes de se tornar um diplomata em Washington, durante os últimos anos da Segunda Guerra Mundial. Enquanto dedicava-se à sua carreira militar, ele escreveu uma história para crianças, titulada ‘Os Gremlins’. A história girava ao redor de criaturas míticas a quem os pilotos da RAF( sigla para Royal Air Force, a Força Aérea do Reino Unido) responsabilizavam pelas falhas mecânicas. Ele pediu a aprovação do governo para divulgar a história, e mais adiante ficou surpreso ao descobrir que o produtor de cinema Sidney Bernstein — que naquela época trabalhava para o Ministério da Informação — tinha enviado a história para Walt Disney, que queria usá-la em um dos seus típicos filmes de propaganda. O trabalho sobre o filme evoluiu muito bem, incluindo o conceito artístico, mas acabou sendo prejudicado por divergências sobre os direitos autorais em relação aos personagens (Disney temia que o governo britânico fizesse alguma reclamação). Além disso, o tempo necessário para concluir o filme poderia estender-se mais do que o esperado. O livro, o primeiro a ser escrito por Dahl, foi publicado pela Disney em 1943. Mas o filme nunca prosperou, e foi somente devido à uma reimpressão feita há uma década, que o projeto foi redescoberto mais uma vez.


Musicana’ esboço do personagem, cortesia do Departamento de Arte (Disney)
‘Musicana’/’Fantasia’ 2006
(1980/2001 -2006) 
Walt Disney sempre planejou várias sequências de ‘Fantasia’, o seu musical clássico, tão característico, realizado em 1940. Mas excetuando a versão de ‘Fantasia’ realizada em 2000, todas as outras tentativas foram frustradas. A primeira delas foi ‘Musicana’ no final da década de 1970, liderada pelo veterano do estúdio, Mel Shaw. O foco do filme era a diversidade musical mundial. Ele incluiria uma sequência na qual uma banda de sapos tocaria jazz, acompanhados pela atuação de Ella Fitzgerald e Louis Armstrong, que cantavam uma canção africana titulada ‘O Deus da Chuva’; outra sequência incluiria Mickey Mouse protagonizando um papel similar ao do ‘O Aprendiz de Feiticeiro’ — baseado no conto de Hans Christian Andersen o ‘O Imperador e o Rouxinol’ (esse foi um dos primeiros projetos que contou com a participação do futuro chefe da Pixar, John Lasseter). Mas infelizmente, a Disney resolveu não levar o projeto adiante (embora seja possível ver um documentário de 10 minutos de duração, exibido no YOUTUBE). Uma ideia semelhante — porém mais globalizada de Fantasia — foi novamente apresentada para compor o filme, no início da década de 2000; ela recebeu o codinome de ‘Fantasia 2006’. Mas, novamente, a ausência da animação desenhada à mão acabou por prejudicar o projeto, embora vários dos segmentos, incluindo ‘Destino’ inspirado em Salvador Dali e ‘A Pequena Vendedora de Fósforos’ de Hans Christian Andersen, tenham sido exibidos em festivais e chegaram a ser lançados em vídeo cassete

‘Toots and the Upside-Down House’
(1996-1997)
Na década de 1990, o diretor Henry Selick parecia uma das novas figuras principais da Disney: O especialista em animação tinha sido responsável tanto pelo êxito do filme ‘O Estranho Mundo de Jack’, como pelo aclamado ‘James e o Pêssego Gigante’. Mas as coisas mudaram quando chegou o momento de realizar o seu terceiro projeto para a Disney. Selick foi designado para dirigir uma adaptação do livro infantil de Carol Hughes, ‘Toots and the Upside-Down House’ (em tradução livre ‘Toots e Casa Revirada’). Esse livro encantador fala da história de uma jovem que descobre um reino onde as fadas vivem de cabeça para baixo, em seu sótão. A jovem une-se a elas em sua batalha contra Jack Frost, O Homem das Neves. O filme estava planejado para ser uma mistura de animação, efeitos de computação gráfica, e de ação; ele seria o primeiro grande filme dirigido ao público infantil produzido pela Miramax, a subsidiária da Disney, presidida por Harvey Weinstein; ele contaria com o futuro diretor de ‘Onze Homens e um Segredo’, Steven Soderbergh, como coautor do roteiro. Em seu livro ‘Getting Away With It’, Soderbergh documenta suas dificuldades com a adaptação, em última análise, ele concluiu que o conceito do livro não encaixaria muito bem em um filme. Mas no final das contas, foram os problemas com o orçamento que acabaram liquidando o filme. (Aliás, Soderbergh não é o único diretor independente que teve alguma discrepância com a Disney: o diretor Rian Johnson, que em breve dirigirá ‘Star Wars - Episódio VIII’, escreveu um filme chamado ‘The Prince and The Pig’ para o estúdio em 2003.)


‘My Peoples’ esboço do personagem, cortesia do Departamento de Arte (Disney)
‘My Peoples’
(1999-2003)
Os anos 2000 estiveram entre os tempos mais sombrios da história da animação da Disney. Enquanto a Pixar produzia um hit após outro, tudo o que a Disney conseguiu foi lançar uma série de filmes, que na melhor das hipóteses, tinham sido totalmente subvalorizados: (‘Lilo & Stitch’, ‘A Nova Onda do Imperador’) e para piorar as coisas, eles não deixaram nenhuma marca indelével em nossa mente (‘A Família do Futuro’, ‘Irmão Urso’). Essa década teria sido bastante diferente se o filme ’My Peoples’ tivesse chegado às telas. Fruto da imaginação do diretor de ‘Mulan’, Barry Cook, o filme foi uma adaptação livre da obra de Oscar Wilde, ‘O Fantasma de Canterville’. Ele foi originalmente intitulado ‘The Ghost and the Gift’. (Durante a curta duração do projeto, vários títulos foram cogitados, entre eles destacamos: ‘Once in a Blue Moon’, ‘Elgin’s Peoples’, e ’A Few Good Ghosts’). O projeto seguia o estilo da típica história de amor, inspirada nos personagens de Romeu e Julieta, vivida por dois jovens, cujas famílias rivais habitam os Apalaches. As bonecas dos personagens estão possuídas pelo espírito de fantasmas, e serão responsáveis por tentar promover a união entre as duas famílias. O filme planejava usar uma mistura de animação tradicional, combinada com efeitos de animação computadorizada; o elenco já havia sido até mesmo selecionado, ele incluía nomes tais como, Dolly Parton, Ashley Judd, e Lily Tomlin. Mas apesar da promessa de aderir-se a um orçamento baixo (apenas 45 milhões de dólares), pouco tempo depois, as fichas foram apostadas em outra produção aparentemente mais segura: o filme ‘O Galinho’.


‘Fraidy Cat’ esboço do personagem, cortesia do Departamento de Arte (Disney) 
‘Fraidy Cat’
(2003-2004)
Como a evolução das técnicas de animação evoluíram magnificamente, temos visto os efeitos disso nos filmes dos mais variados gêneros. A própria Disney tem utilizado amplamente esses recursos, em comédias como (‘A Nova Onda do Imperador’) na versão faroeste (‘Nem Que a Vaca Tussa’) e até mesmo no filme de ação do super-herói (‘Operação Big Nero’). No começo do novo milênio, o público quase conseguiu ver um trabalho com um enfoque completamente diferente; um dos filmes da Disney que mais prometia, mas que apesar de tudo jamais chegou às telas: ‘Fraidy Cat’. Sua premissa — um thriller ao melhor estilo Hitchcock, sobre um gato mimado que se vê forçado fugir, depois de ver-se envolvido no sequestro de um animal de estimação de um vizinho — era de que os trabalhos tinham avançado até o fim da década de 90. Eles ganharam força no início de 2003, quando dois, dos maiores diretores do estúdio, Ron Clements e John Musker (‘A Pequena Sereia’ e ‘Aladim’), se uniram ao projeto, o que teria sido o seu o primeiro filme de animação gráfica computadorizada. Era uma premissa irresistível, e o conceito artístico (que incluiu uma homenagem à famosa cena do avião pulverizador de ’Intriga Internacional’) era sensacional. Mas depois de uma série de decepções (incluindo ‘O Planeta do Tesouro’ de Clements e Musker), o estúdio e seus executivos estavam nervosos em relação ao projeto. Eles não acreditavam que as crianças seriam capazes de captar a essência de Hitchcock, própria do filme. Além disso, eles duvidavam seriamente do seu potencial de merchandising. O estúdio cortou o projeto, e Clements e Musker deixaram a Disney, embora eles tenham retornado em 2009 para realizar ‘A Princesa e o Sapo’, bem como o lançamento do próximo ano, ‘Moana’.

‘O Submarino Amarelo’
(2010-2011)
A Disney fez uma jogada mestra em 2007, quando anunciou a criação de Image Movers Digital, um novo empreendimento com foco na captura da animação eperformance digital. Para isso ela contou com o know-how do diretor de ‘Forrest Gump’ — Robert Zemeckis — que desbravou essa técnica inovadora em seu hit ‘O Expresso Polar’. Outros três filmes seguiram essa linha: uma versão de ‘Os Fantasmas de Scrooge’ com Jim Carrey interpretando Scrooge e os fantasmas; a adaptação infantil do livro titulado ‘Marte Precisa de Mães’; e um remake em 3D do clássico dos Beatles ‘O Submarino Amarelo’. Depois que o trabalho de adaptação do conto de Dickens estivesse completo, Zemeckis iniciaria as tratativas para obter os direitos legais e incluir cerca de 16 canções na produção. Ele já havia até mesmo selecionado o elenco dos 4 Fabulosos: Peter Serafinowicz (‘A Espiã que Sabia de Menos’), Dean Lennox Kelly (Shameless), Cary Elwes (‘A Princesa Prometida’), e Adam Campbell (‘Deu a Louca em Hollywood’) que interpretariam Paul, John, George e Ringo, respectivamente. Mas as divergências sobre o orçamento e reservas sobre o estilo de motion capture que muitos membros da audiência acharam assustador, colocaram os diretores numa situação bastante inquietante, e ela só piorou quando o filme ‘Marte Precisa de Mães’ foi um fracasso de bilheteria, em 2011 — o filme arrecadou apenas 38 milhões de dólares em todo mundo, gerando um enorme prejuízo para a companhia, já que seu orçamento foi de 150 milhões de dólares. A Disney suspendeu o projeto do filme dos Beatles logo depois, e apesar de Zemeckis planejar levá-lo para outros estúdios, ele finalmente concluiu que não era uma boa ideia quando afirmou: ‘Talvez seja melhor não fazer o remakedo filme.’

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